ARTIGOS

Drogas: Parar e Multiplicar


Claudemir Casarin
Psicólogo/socionomista

A maior dificuldade que enfrentamos para parar de beber ou usar qualquer outra droga lícita ou ilícita, que nos faça mal, não é o ato de parar. A questão é o que fazer depois de parar. Pode parecer fácil viver de um modo saudável, mas para quem não está habituado é muito difícil começar. Para estas pessoas, o sucesso não depende tanto da força de vontade para parar, quanto da diversidade e treinamento de novos hábitos que preencham a sua vida.

Uma pessoa viciada, seja lá no quê, do ponto de vista psicológico, é um ser empobrecido e repetitivo, porque atua poucos papéis, além daqueles ligados ao vício. Por isso, um usuário de crack vê no traficante ou noutro usuário, um bom amigo. Não entende que amigos não dependem de álcool, maconha ou cocaína para se divertirem.

Uma pessoa saudável atua, cotidianamente, em vários papéis familiares, sociais e institucionais. Já um dependente químico teme se aproximar de outras pessoas, quando não está químico-afetado. Seus relacionamentos são pouco desenvolvidos e vive a mercê dos que o exploram emocional ou economicamente. Todo químico dependente é um tímido precisando aprender a encontrar seu lugar no mundo das relações saudáveis.

Muitos usuários se esforçam para parar de drogar-se e depois, em poucas semanas, sucumbem ao vazio existencial dos seus pouco e mal resolvidos relacionamentos. Quem usa drogas não o faz pôr ser fraco, falso ou vadio, simplesmente, não tem escolha. Ou usa ou ficará só e a solidão é a morte. 

Todo jovem tem curiosidade de experimentar algum tipo de droga, os que não o fazem são salvos, em parte, por terem relacionamentos afetivos bem estruturados. Os que sucumbem precisarão da ajuda de profissionais especializados no tratamento da dependência. Não apenas para pararem, mas também para multiplicarem bons vínculos em casa, na escola, no trabalho, na igreja, na vida.

Para alguns, a vida parece mais palatável através do cristal de um chope, mas é maravilhosamente melhor quando se reconhece um sorriso, sem ter ingerido nenhuma gota de álcool. 

Dr. Claudemir Casarin
Psicólogo-Socionomista






Como Evitar o Crack
Claudemir Casarin
Psicólogo/socionomista


Infelizmente, não há o que fazer para impedir que o crack, a cocaína, a maconha, o álcool ou o cigarro sejam apresentados aos nossos filhos. Os usuários estão por ai nas esquinas, nas salas de aula, nos bares, nos shoppings e até dentro de casa disfarçados de amigos. Mas se não temos como evitar a proximidade, podemos prepará-los para dizer não.

Primeiro ensine seu filho desde criancinha a compreender o significado de cinco palavras mágicas: obrigado, por favor, com licença, me desculpe e Pai Nosso. Em seguida mostre-lhe como você se orgulha dos pequenos gestos de boa vontade que ele tem com os outros, como abrir a porta para uma senhora ou ceder seu lugar para um idoso ou devolver o que lhe foi dado por engano. É espantoso como a educação protege nossos filhos das más companhias.

Depois estipule horários. Quando as atividades diárias dos nossos filhos, como acordar, comer, estudar e dormir são organizadas e fiscalizadas por nós, isso tudo dificulta tremendamente os maus relacionamentos. Os jovens mal educados são sempre indisciplinados e intolerantes e tomam distância das pessoas que seguem as regras e fazem tudo certinho. E, ao contrário do que prega o senso comum, um jovem tem que ter muita personalidade para fazer tudo certinho, num mundo em que participar de passeata pró maconha é que é consideradofashion, descolado e pró ativo.

Cuide da aparência dele. Mantenha seu filho longe dos modismos e nunca esqueça que o mundo é preconceituoso. Se você fosse um traficante e tivesse que escolher entre oferecer drogas a um garoto cabeludo e sujo passeando de skate e outro de camiseta branca lendo um livro para quem ofereceria? Evite extravagâncias na aparência. Lembre-se que a personalidade de uma pessoa não está no que ela veste, mas na forma de pensar, ou seja, na educação.

Seja parceiro do seu filho. Ofereça a casa para as reuniões da turma. Converse com os amigos dele. Jogue futebol. Ande de montanha russa. Brinque. Corra. Sorria. Abrace. Beije. E bata muitas fotos para recordar depois.

E, principalmente, nunca abandone seu filho. Mesmo que você tenha feito tudo certo, ainda assim é possível que ele acabe usando drogas. Cuidado com aquela falácia do senso comum que diz que drogado só melhora depois de chegar no fundo do poço. Cuide do seu filho. Procure ajuda. Porque se ele morrer na sarjeta você poderá não ter culpa, mas terá ficado só, para sempre.



Não Precisamos de Maconha

Claudemir Casarin
Psicólogo/socionomista


As drogas matam. E ponto final. Sabemos que o cigarro e o álcool são as drogas que mais matam porque, legalizadas, são de fácil comercialização. A maconha também é uma droga, e não há justificativa moral ou científica para a defesa pública da legalização do seu comércio ou da descriminalização dos seus dependentes.

Quem nunca usou maconha não pode ser levado a considerar a hipótese de uso por uma legislação ilusória que libere o seu consumo. Quem é dependente precisa receber tratamento compulsório oferecido pelo Judiciário e não uma película de falsa liberdade exibida por um Estado leniente, em busca de mais uma fonte de impostos.

A maconha é terapêutica? A estricnina e os materiais radioativos também. A questão é se precisamos dos apregoados efeitos terapêuticos da maconha ou nos assombra mais seu perigoso uso suicida por câncer de pulmão. Nem precisamos discutir os efeitos nefastos da mistura de maconha, álcool e volante desgovernado numa madrugada nas nossas cidades.

O uso de drogas é cultural? A farra do boi, a jogatina e as brigas de galo também. Assim como a escravidão, as guerras e as agressões às nossas mulheres e crianças. Coibir o que faz mal à saúde faz parte de uma cultura sadia e democrática.

Me entristece ver um doutor sociólogo, um cientista, mais que a figura de um ex-presidente, abusar de seus últimos dias de vida pública para defender a irresponsável massificação de uma ideia tão perigosa ao futuro de nossas crianças quanto à liberdade para alguém drogar-se, morrer e matar.

Não precisamos de maconha. Maconha é droga e mata. Terapêutico é cultivar hábitos saudáveis na família, como voltar cedo para casa, abraçar os filhos e acompanhá-los à escola e ao cinema. Democrático é abdicar da própria liberdade em favor das responsabilidades familiares e sociais. Saudável é ser a favor da vida e contra o que nos aproxima da morte. E, por fim, se existe uma cultura a ser respeitada e defendida, é a vida dos nossos filhos. Mesmo quando eles ainda não concordam.